terça-feira, 20 de maio de 2008
Mudança de espaço
boas novas. Criamos um novo espaço para continuar nossa diversão.
nanadeelunocanada.blogspot.com
Espero vocês por lá.
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Oitava semana. O fim do sonho.
Durante o caminho para a entrevista eu me deparei com uma diferença em relação à nossa cultura que até então não havia prestado tanta atenção. Talvez seja porque eu estava em modo “atenção total”, mas o concurso de quem dá a melhor assoada no nariz em local público me fez rir durante os primeiros participantes. Porém, depois fiquei meio preocupado devido ao estágio avançado da força desprendida por algumas pessoas. Aquilo tem um processo de propagação igual ao bocejo, quando o primeiro começa, os outros têm uma reação imediata e continuam a sinfonia. É possível ouvir todos os estilos:
- Simples: Ppppppprrrrrrrrrrrr
- Ritmado: Ppprrrrr Ppprrrrrr Pppprrrr
- Disfarçado: Pppprrrrrr HUH HUMM
- Tímido: Pprr........................Pprr
- Silencioso: Sssswwwiiisshhhhh. Esse são os piores, pois tem o perigo de pingar nas pessoas ao lado.
- Brasileiro (aquele que não desiste nunca): Pppppprrrrrrrrrrrrrrrrrr Ppprrr Prrr Pppppprrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr Pppprrrrrrrr PPPPRRRRRRRRRR. Um senhor mandou um desse que quase pedi para ver o lenço depois, pois tinha certeza que um pedaço do pulmão tinha vindo junto.
- Berrante: Ppprrr Fooooooomm Fuuuoooooooo Fuuuoooooo Fuoo Fuo Fuo Fuo Fuuuoooommm. Esse obviamente foi o campeão. Aquele senhor deveria tá tocando no metrô para ganhar a vida. Impressionante!
A entrevista foi mais complicada do que eu imaginava. Havia dois diretores e um deles começou a enveredar pelo mesmo lado do “you are over qualified” e isso me preocupou muito. Porém, senti confiança nas respostas que havia fornecido e saí de lá otimista. O resultado deveria sair brevemente, pois a área estava realmente precisando preencher esta posição. O gerente da área estava em viagem internacional e não poderia tomar qualquer atitude até a sexta feira. Tudo bem, dois dias para saber o resultado não iria me matar. Sendo ele positivo ou negativo, o importante é saber onde está pisando.
Durante a volta para o metrô resolvi fazer minha infalível técnica de pensamento positivo para atrair as empresas que estão em processo de contratação, que consiste nos seguintes atos:
- vire-se para o local (coisa, idéia, etc) que muito lhe interessa;
- Estenda suas mãos na direção pretendida;
- Limpe sua mente;
- Comece o seguinte mantra. “Venhavenhavenhavenhavenhavehavenhavenhavenhavenha”.
Faca isso até que sua mente comece a funcionar novamente e a lembrança de que está no meio da rua, por exemplo, comece a ser o pensamento principal. Isso significará que a concentração acabou. Porém, lembrei desta prática quando já estava na rua e no momento que resolvi me voltar à empresa havia um Tim Hortons entre minha pessoa e o local desejado. Preferi então não utilizar a técnica, pois um erro de cálculo poderia gerar resultados indesejáveis.
Sexta feira resolvi buscar algumas informações, mas soube que o Gerente havia chegado de viagem muito cedo e não houve conversa com a Diretora. Final de semana seria daqueles, sem informações e com a ansiedade batendo o recorde dos recordes. Afinal, eu tinha aquela oportunidade no quarto nível e as outras muito no começo. Particularmente já estava cansado de tanto contar a mesma história (entrevistas) para novas pessoas. Queria mais ação, contar novas histórias, novos desafios. O sábado passamos na casa do Edward e Jack e no domingo ficamos em casa morgando e fazendo a faxina da semana.
Segunda- feira comecei o dia bem. Pela manhã recebi uma ligação de uma das Big X (5, 4, sei lá quantas são agora) pedindo para que eu apresentasse uma data para entrevista ainda nesta semana. Depois de 20 minutos recebi uma outra ligação da empresa que havia sumido, conforme dito na semana passada. Eles demonstraram que ainda queriam me contratar e que estavam aguardando fechar um contrato onde meu perfil se encaixaria bem. Excelente! Agora sim, posso voltar a respirar. Os ânimos voltaram ao estágio que devem estar neste momento: nas alturas. Nada de baixo astral, nada de pensamentos negativos. O momento é de manter a confiança.
Um grande amigo de Brasília (O Camila) estava em Toronto e nos chamou para encontrarmos com ele no centro da cidade. Quando estava de saída recebi um e-mail do gerente da empresa ao qual eu estava esperando contato me pedindo mais informações sobre a meu status atual no Canadá e o número do meu SIN. Bem, para que ele quer pedir o número do meu SIN se não para me contratar? Ele pediu comprovante de landing, SIN e endereço. Assim, eu teria que scanear tais informações para enviá-las quando pudesse. Quando pudesse??!! Eu envio agora. Naquele momento ele estava saindo da empresa e combinamos que eu enviaria no dia seguinte. Para que se estressar? Fomos para o centro da cidade nos encontrar com o Camila.
“Refraseando”, fomos para o centro da cidade para tentar nos encontrar com o Camila. Ficamos 30 min esperando na porta de uma loja, ligando de 20 em 20 segundos para o seu celular brasileiro e nada de conseguir qualquer contato. Depois de tanta espera resolvemos andar pelo centro da cidade. BTW, a Yonge é muito feia. O Path dá um aspecto bem melhor à cidade e acredito que a partir de agora só andaremos por baixo da terra. Agora eu sei porque vemos tantos loucos nos metrôs, eles estão se dirigindo ao centro da cidade. Parece que no centro tudo é permitido. What happens in downtown, stays in downtown. Lojas de produtos eróticos se misturam com Taco Bell, The Hemp Company (Isso existe! Não é brincadeira!) e bares baixo nível. Uma das lojas de produtos eróticos apresentava em sua vitrine uma espécie de máquina do amor para mulheres solitárias. Era uma mistura de andaime com britadeira que realmente não acredito que deveriam estar expostas daquela forma na rua mais importante da cidade. Deixando de ser purista, a rua realmente não apresenta um aspecto muito interessante. Bem, nós não nos sentimos à vontade, mas foi um passeio esclarecedor.
Voltamos para casa e resolvemos jantar num restaurante japonês da redondeza. Apesar do preço um pouco mais salgado do que esperávamos, a comida é muito boa e recomendável para momentos de comemorações. De vez em quando fazemos este tipo de “estripolia” para que a tensão baixe um pouco e possamos voltar nossas forças para o que é realmente necessário.
Terça feira acordamos muito cedo e fomos direto para a Casa do Daniel e da Cinthia para podermos scanear os documentos requisitados e nos livrarmos desta pendência. Sabíamos que aquela espera poderia durar alguns dias e resolvemos dar um pulo no Dufferin Mall para comprar algumas coisas para casa. Eu teria uma entrevista às 3:00h com a Big X que havia me ligado no dia anterior, então resolvemos voltar para o nosso lar. Eu precisava me preparar, pois essa grande empresa entraria na lista das preferidas, juntamente com aquela que estava na fase final.
Durante minha preparação para a entrevista estava batendo um papo com o Ricardo (outro graaande amigo) quando recebi o e-mail do gerente da empresa apresentando uma Offer Letter. AAAAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! Eu não sabia o que fazer, lia? Ria? Corria? Gritaria? Corri no quarto e dei um grande abraço na Nanade. “Amor, acho que nossa espera acabou!” Voltei para ler a oferta e percebi que os termos estavam de acordo com o que havia pedido e o dia de início do contrato era “amanhã”. UAU! Não posso negar a ninguém que minha primeira reação foi deixar rolar lágrimas de alívio e emoção. Naquele momento percebi que o sonho havia acabado, agora tudo havia se tornado realidade, dia-a-dia, a nossa tão esperada nova vida. Conseguimos transformar uma proposta que nasceu há 8 anos atrás, quando ainda não tínhamos qualquer qualificação requerida no processo, em uma completa mudança de vida e agora um excelente emprego numa excelente empresa.
O que se seguiu foram diversos contatos com as pessoas que tanto apoiaram todo o nosso caminho. Algumas pessoas nos perguntaram qual foi a nossa estratégia ao chegarmos ao Canadá que nos deu um emprego tão rápido. A minha resposta é clara e nem sempre bem aceita. A estratégia começou a mais de 10 anos atrás quando ouvi pela primeira vez que o Canadá promovia este tipo de “facilidade” para obtenção de vistos. Para chegar aqui com uma carreira sólida precisei me formar, obter as melhores certificações do mercado em minha área, procurar empregos em empresas respeitáveis e, acima de tudo, encarar desafios que pudessem trazer credibilidade suficiente para convencer os outros que vale a pena contar com esse recurso, vulgo eu, em sua empresa. Ressalto que não sou nenhum gênio, nem me sinto desta forma, mas receber aquele e-mail me fez sentir com o dever cumprido em relação a esta proposta tão difícil.
O momento agora é de comemoração, afinal não é todo dia que conquistamos algo tão grande. Acredito que viramos uma grande página em nossas vidas, diria até um capítulo que está totalmente aberto para escrevermos novos sonhos e objetivos, mas o momento agora é de comemoração.
Diante disso, gostaria de divulgar que este será o último post desse blog. Acredito que o nosso objetivo de demonstrar o caminho inicial de um imigrante foi cumprido nesses 20 posts divulgados em dois meses. Agora retornaremos à nossa vida e esperamos que tenhamos passado uma visão clara que nada aqui é fácil. Porém, o bom humor ajuda a suavizar as dificuldades e clarear os caminhos.
Antes disso, gostaria de contar uma última aventura: A volta do primeiro dia de trabalho. Não preciso mencionar que o dia iniciou perfeitamente. Peguei o metrô e fui ao trabalho, conheci o ambiente e não fiz muita coisa. Processo normal de quem está entrando no novo emprego. A volta para casa me reservou uma grande aventura. Ao chegar na estação da Bloor com a Yonge percebi que havia algum problema e o metrô estava parado. Pelo sistema de som da estação foi informado que havia algum problema de saúde com uma pessoa na estação St George. Assim, as pessoas deveriam pegar um shuttle na bloor que iria nos deixar na estação Ossington. Para quem não sabe são 6 estações depois da Bloor. Quando isso acontece significa que alguém se jogou na linha do trem ou teve um ataque cardíaco dentro do metrô, pelo menos foi isso que os usuários me informaram. Ao subir para a Bloor vi que haviam muitas pessoas esperando o ônibus e uma chuva fina caia sobre nós. 10, 20 minutos se passaram e nada de shuttle. Além disso, a rua estava bem engarrafada, pois todos haviam saído do metrô para pegar taxis e conduções alternativas. Ao invés de ficar esperando, resolvi roubar a idéia de um casal à minha frente e tomei meu caminho à pé.
A visão da cidade, os sons em inglês e a chuva fina traziam à mente mais uma sensação de lavagem de alma. Parecia que eu estava me purificando com tudo aquilo que estava acontecendo. Andar 6 estações de metrô depois de um dia de trabalho e debaixo de chuva não era nada comparado à sensação de estar com os pés no chão novamente. Eu estava tão feliz que resolvi doar um Toonie que havia recebido de troco. Eu não sou uma pessoa de dar esmolas, mas esse dia merecia alguma nova atitude, um novo gesto de agradecimento. Eu já havia passado por alguns pedintes mas todos com cara de drogados. Logo à frente vi o senhor que iria ganhar o dia. Todo maltrapilho, sujo, boné rasgado na cabeça, sapatos esfolados, um copo do Tim Hortons na mão, sentado num poste de prender bicicletas. Fui em sua direção com o som do tintilhar das moedas em minha mente. Cheguei perto e joguei a moeda em seu copo para ouvir um.... Glub!..................... Glub????!!!!!!!!!! “Are you crazy, man?”. Minha nossa! O copo do velho estava com café! Eu não sabia o que fazer. “Meu senhor, mil desculpas. Eu.. Ha.. Pensei....”. O que eu falaria numa hora dessas? “Eu pago um outro café para o senhor”. Para a minha sorte, o senhor devia estar num dia tão bom quanto o meu e a única coisa que fez foi jogar o resto de café fora, pegar a moeda e dizer para eu não me preocupar que ele pegaria outro com o Toonie. Na minha cabeça já havia passado tudo o que é situação. Polícia, imigração, surra de mendigo. Depois disso, prometi a mim mesmo que nunca mais dou esmola na vida.
Ao andar para a estação Ossington ainda passei pela Spadina e seus moradores Chineses. Entrei na estação e vi que o metrô já havia voltado a funcionar há algum tempo. Ou seja, andei 1 hora na chuva, com direito a um grande mico, à toa. Cheguei em casa como um pinto molhado, cansado, mas louco de vontade de contar as novidade para a Nanade. No final do dia coloquei tudo na balança e pude perceber que esse foi o melhor dia do ano. TOP 3 da minha vida inteira.
Como é bom alcançar grandes objetivos. Desce um Haagen Dazs de morango!
"Princess, Welcome to our new life!"
quinta-feira, 8 de maio de 2008
Sétima semana - A carteira de motorista
Começamos a separar as roupas entre claras e escuras e os montes começaram a crescer, crescer, até que percebemos que precisaríamos de CAN$2.00 para cada máquina de lavar e CAN$1.75 para cada secagem. Resolvemos contar as nossas moedas para avaliar se haveria dinheiro suficiente em casa. Tínhamos 5 moedas de CAN$1.00 e algumas de 25 cents que não chegava a completar o montante necessário. Precisaríamos trocar alguma nota para podermos completar pelo menos duas máquinas de roupas. O trabalho agora era retirar o máximo de roupas claras e escuras para que pudéssemos realizar apenas uma rodada de cada tipo. A briga foi enorme, pois a Nanade queria que TODAS as roupas dela fossem lavadas. Ela encontrou aranhas na granja (vulgo porão) e disse que nunca mais iria usar qualquer roupa que tivesse passado por ali. Como sou uma pessoa muito solícita, além claro de não querer trocar todo o seu guarda roupa, dei a vez para que ela enfiasse todos os seus pedaços de pano antes que eu pudesse pelo menos lavar minhas cuecas.
Combinamos assim: colocaríamos a roupa para lavar, já que tínhamos os 4 dólares na mão, eu iria no metrô trocar as notas, subiria na rua dos mercados para comprar algo para o almoço, voltaria para colocar as roupas para secar enquanto a Nanade preparava o rango em casa. Assim fomos, tudo como combinado. Porém, na hora de colocar as roupas para secar percebemos que a máquina só aceitava moedas de CAN$1.00 (loonies) e de CAN$0.25 (quarters). Quando trocamos o dinheiro no metrô só recebemos moedas de 2 dólares (toonies). Ai caramba! Lá vou eu de novo subindo 10 minutos de caminhada até a rua do comércio para comprar um cacho de uvas e conseguir as moedas trocadas. Contei certinho e voltei com tudo separado. Ao passar a roupa para a secadora percebemos que estava tudo encharcado. Talvez pelo fato de termos colocado muita roupa, mas resolvemos atolar tudo na secadora e ver o que dava. Claro que o dinheiro contado resolveu cair no chão e uma moedinha de 25 cents ficou no lugar mais difícil de pegar, mas isso foi apenas um detalhe dentro desta correria toda.
Ao voltarmos para buscar as roupas na secadora levamos um susto, pois continuavam molhadas e tivemos que bater tudo novamente. Isso não aconteceu sem antes eu ter que voltar no metrô para trocar mais dinheiro. Segunda batida de roupas e nada! Então resolvemos levá-las assim mesmo para casa. O apartamento virou um cortiço, roupas penduradas em todas as portas e cadeiras (foto em nossa seção à direita). A Sonya nos deu a dica que existem algumas máquinas melhores do que outras, mas que, de fato, ela acredita que colocamos roupas demais. A secagem aconteceu via ferro de passar. Foram 2 dias de passagem de roupa. Na verdade usei esta tarefa como terapia, pois minha prova de carteira de motorista estava chegando.
Neste meio tempo recebi o e-mail de confirmação da entrevista tão esperada, ela será na próxima quarta-feira (dia 30). Assim, dentro do nosso cronograma, na outra semana. Paciência, paciência!
Falando nisso, sexta feira, dia 25, o dia E (o dia D já tinha passado e eu tinha tomado pau). Acordei cedo, sem pressão, aluguei o carro e me dirigi à Oakville. A prova estava marcada para 14:00h e cheguei lá às 12:00h. Fiquei observando como as pessoas saiam do centro de teste, como era a cara dos examinadores, quanto tempo demoravam para voltar, etc. Depois de algum tempo resolvi passear num mall que fica em frente ao Drive Test Centre e entrei no supermercado Sobeys. Dica interessante: achei o ambiente e os preços deste supermercado muito atraentes. Durante meu passeio consegui achar uma coisa que ainda não tinha parado para prestar atenção: Haagen Dazs de morango. Hummmmm! Prometi a mim mesmo que passaria na prova e voltaria para comprar aquele sorvete como sinal de comemoração. Aliás, pausa para uma explicação histórica. Na época que eu abri a empresa com dois amigos (Ricardo e Carlos) nós criamos uma tradição que ditava que toda vez que conseguímos grandes feitos (fechar grandes projetos, finalizar grandes propostas) fumávamos um charuto. Se me perguntarem se fumar charuto é bom, responderei com a maior franqueza do mundo.... é uma bosta! Mas aquela cerimônia era deliciosa, nos sentíamos bem por ter conquistado coisas importantes na vida. Grandes lembranças desse período. Voltando ao presente, acredito que acabo de mudar esta tradição para algo mais saudável (será?!!). Bom, pelo menos eu não fico zonzo no final.
Depois do passeio pelo mall almocei no Tim Hortons e fui para a minha prova. Os instrutores eram das mais variadas etnias. Tinha negros, muçulmanos, chineses e até uma Singh que usava aquela bola vermelha na testa. Sinceramente, aquilo me incomoda. Será que é uma raspadinha? Se alguém raspar ali, será que acha um “você ganhou a carteira G”? Não sei, só sei que eu não teria a manha de raspar. Eu pedi muito para que ela não fosse minha examinadora, pois com aquele ponto vermelho fico com a sensação que ela está me filmando o tempo inteiro. Isso me deixa nervoso. Para minha surpresa a examinadora era bem “canadense”. Chegou no carro, pediu para fazer os comandos básicos e se mostrou bem simpática. Após entrar no carro ela disse que a única coisa que queria era um “safe drive”. Ok! Vamos nessa! Ao contrário da outra examinadora, esta apenas falava os comandos e não prestava qualquer atenção se eu estava olhando blind spot, espelhos, freando na hora certa, etc. Eu achei estranho, mas me tranquilizou. Em momento algum houve qualquer problema e em 15 minutos estávamos de volta ao centro. Ela me deu os parabéns e disse que eu dirigia muito bem. AAAAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE. Mas espera aí! Ainda indaguei que havia feito a prova da G e que tinha sido muito diferente. Dica importante: a examinadora disse que a prova da G é muito mais pesada mesmo, que eles querem saber se o motorista realmente sabe todas as regras escritas no livro, mas que na G2 eles só querem saber se o motorista tem o controle do carro e paciência no trânsito. Sem problemas! O importante é que estou com a carteira na mão e só para comemorar voltei de Oakville até Toronto sem olhar no blind spot nenhuma vez. Aliás, institucionalizei o “blindspotless” weekend. Além disso, comprei meu merecido Haagen Dazs e o saboreei tranquilamente. Além da delícia do sorvete, este tinha um sabor de missão cumprida. Combinação perfeita.
Final de semana foi tranquilo, ficamos com o carro e compramos algumas outras coisas para a casa. Houve um churrasco na casa do Flávio para inauguração da primavera e nada muito agitado. Estava com uma gripe de matar.
Segunda-feira a festa da carteira já havia terminado, assim como a pilha de roupas para passar... o tempo. Além disso, recebi resposta negativa de uma empresa que estava bem avançada no processo. Isso foi uma grande frustação para mim. Dica importante: eles alegaram que eu era “over qualified” para a vaga. Porém, a verdade é que as empresas já entenderam como funciona a entrada dos imigrantes no mercado de trabalho. Muitos preferem buscar vagas em níveis menores apenas para pegar “Canadian Experience” e logo que conseguem esta variável, aceitam qualquer nova oferta. Assim, as empresas ficam receosas de contratar quem tem perfil para a vaga, mas não tem Canadian Experience. Porém, não contratam quem tem mais experiência do que o necessário, pois sabem que estão as usando apenas como “stepping stones” para algo maior. Ou seja, arrumar o primeiro emprego tem variáveis mais complexas do que eu esperava.
Terça-feira foi um dia muito baixo astral. Com a saída desta empresa da jogada e o sumiço de outra que também estava na quarta etapa de entrevistas, as coisas se reduziram a apenas à empresa cujo tenho entrevista na quarta feira. Pela primeira vez eu estou sem alternativas e isso me deixa preocupado. Cheguei em casa de tarde e só consegui deitar e dormir, pois minha cabeça estava estourando de dor. Tenho que estar preparado para a entrevista, não vou deixar as 3 entrevistas que já passei irem por água abaixo novamente por causa desta "guerra velada".
O resumo da semana é que não posso deixar me abalar. Afinal, consegui o segundo pé necessário para uma vida normal e amanhã terei uma importante entrevista para buscar aquele que me trará de volta à trilha. Descanso e foco é tudo que preciso agora. Grande semana a todos, pessoal.
segunda-feira, 28 de abril de 2008
Sexta semana - A mudança
Antes da mudança resolvi passar por cima da chateação da carteira de motorista e procurar logo uma nova data para fazer a prova. Achei dia 25 de abril em Oakville e isso serviu para aliviar muito mais os sentimentos ruins. Eu me sinto preparado, por isso resolvi apenas esperar pelo dia da prova. Nada mais de aulas de auto-escola, estudo em livros e olhadas em blind spot. Aliás, essa palavra já está na minha lista negra. Eu já estou até sonhando com as pessoas me cobrando isso nos lugares mais incomuns. “Você entregou o documento sem olhar o blind spot?”. “Como você pagou esta conta sem olhar no blind spot?”. Acordo no meio da noite com isso, olho o blind spot para garantir e volto a dormir.
Mais entrevistas, mais entrevistas, todas com empresas de headhunters. Dica importante: assim que chegarem ao Canadá coloquem seus curriculos no Workopolis e Monster. Essas páginas funcionam muito bem ao te colocar na vitrine mais vista neste campo. A entrevista tão esperada foi postergada para a semana que vem, outras entrevistas interessantes apareceram, mas ainda na primeira base. Quero chegar logo ao home plate, mas preciso de mais alguns hits. Jogo que segue. Conseguir um homerun é bem difícil, mas não impossível.
Sexta feira fomos ao encontro de família e resolvemos pegar uma “carona” com o Flávio no GO Train. Isso é que estar no primeiro mundo. Infelizmente esquecemos de levar máquina fotográfica, mas as instalações do trem são um espetáculo. 35 minutos de uma pacífica viagem com vistas de cartões postais e estávamos em Mississauga. Flávio, isso é que é vida!
Sábado, o grande dia! A Nanade foi dormir às 6 da manhã de ansiedade. Antes de nos mudarmos para a casa nova, precisávamos ajudar o Wellington e a Sonya na retirada de suas coisas. Resolvemos levar nossas malas de metrô. Assim, restaria apenas pegar a Dalila depois. Claro que as coisas não foram tão simples assim. Já na saída de casa, aquelas malinhas de 32Kg não aguentaram e uma delas quebrou a roda. Tive que levar a mala na raça. Caminhada para ponto de ônibus, entrada no ônibus, descida das escadas do metrô, subida das escadas do metrô e quando chegamos à casa do Wellington minha cota de esforço do dia já tinha acabado. Porém, a brincadeira só estava começando. Durante nosso dia de trabalhadores braçais ouvi algumas vezes o Wellington dizendo: “quem mandou vir para o Canadá? Quem disse que ia ser fácil?”. Pois é, casa montada, emprego não mão, zona de conforto bem estabelecida e largamos tudo para carregar cama no Canadá? Seríamos nós uns loucos? Que nada! Sempre as respostas às perguntas eram outras perguntas: “Você que me diz, há algum arrependimento? Faria diferente?”. E finalizamos com: “nem que precisássemos carregar uma estante de 50Kg”. BTW, tivemos que fazer isso duas vezes. Ao nosso esforço se juntaram o Flávio, Edward e Edu. A Sonya e a Nanade comiam chips com coca zero enquanto nos matávamos. Elas eram as Projects Administrators da atividade. Ou seja, aquelas que gritam, direcionam, reclamam e no final ficam com as glórias. Para nós, peanuts (literalmente falando), mas pelo menos era com mel. Depois de descermos a bendita estante de 90Kg (o peso vai aumentando à medida que as forças vão acabando) para o basement a Sonya ainda teve coragem de falar: “humm, não gostei dele aí, acho que vou pedir para vocês colocarem no quarto do bebê”. “Sonya, essa cômoda só sai daqui quando destruírem esta casa”. As pernas já não aceitavam comandos. Para entregar o caminhão tivemos que fazer um esforço conjunto onde uma pessoa ia acelerando e a outra dirigindo. Pelo menos não podemos reclamar de falta de atividade física.
O dia foi muito longo, depois de carregar tudo na casa deles, ainda tivemos a festa da primeira comunhão da Carolzinha. No final da noite tivemos uma excelente carona do Francisco e Lu para buscar o que restava na casa. Percebemos que era muito mais do que simplesmente pegar a Dalila, então a carona foi muito proveitosa. Finalmente chegamos em um local que podemos chamar de casa. É pequeno, simples, mas não fede, nem é baixo. Pela primeira vez em muito tempo dormimos feito anjos. Roupa de cama nossa, limpinha, cheirosa. Sensação incomparável.
No domingo resolvemos alugar um carro para comprar coisas básicas para a casa. Wal Mart, Ikea e Dollarama foram os alvos e com 300 dólares compramos todas as coisas essenciais para a casa (tirando mobília). Pratos, panelas, produtos de limpeza, roupas de cama, torradeira, abridores de lata, talheres e aquelas quinquilharias que não tem como viver sem a presença. Procuramos mobílias, mas estávamos apenas fazendo pesquisas. Após mais um dia cansativo, dormimos bem cedo com a sensação de dever cumprido. Foi incrível perceber que tudo se renovou, parecia que havíamos chegado naquele dia. Uma nova vida estava começando. Então chegamos à conclusão que passamos à fase 2. Agora já sabemos o que queremos e já experimentamos as dificuldades do lugar. Dica importante: Percebemos que necessitamos de um tripé para considerarmos que estamos numa vida normal: moradia (não é fácil conseguir), carteira de motorista (não é fácil conseguir) e emprego (não é fácil conseguir). Conseguimos o primeiro ponto de apoio e isto nos dá força para correr atrás dos outros.
A continuação da semana passamos arrumando a zona que havíamos deixado na casa e fomos transformando cada vez mais o lugar em nosso lar. Para fechar a semana com chave de ouro, conseguimos comprar quase toda a mobília da casa por apenas $770.00. Incluindo: cama queen size box, mesa com 4 cadeiras da cor que a Nanade queria, rack da cor que a Nanade queria, televisão, floor lamp, conjunto decorativo de velas, mini forno, conjunto de facas, sapateiro, som stereo portátil, cappuccino, cera de depilação, entre outras coisas menores que não lembro. Uma brasileira estava voltando para o Brasil momentaneamente e resolveu vender tudo aqui. Sorte para nós e também desejamos toda sorte para a nossa nova amiga. Agora só falta um sofá e nossa casa estará montadinha. Tudo em 3 dias de nova casa. Incrível, mas estou muito confiante nesta fase 2. Pelo jeito que as coisas estão andando acredito que ela será mais curta que a primeira. Boa semana a todos.
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Soneto: Meus pais
Na direção que está nos genes, desde cedo preparados pela busca saudável
À felicidade. Os atalhos são desnecessários quando há uma história amável
Para dar sustentação aos sonhos criados a partir do exemplo bem sucedido.
Pai, mãe, a presença de sua sabedoria clareia qualquer ponto transcorrido,
Basta ouvir o coração transmitindo seus ensinamentos num tom agradável;
Como é simples viver com esses olhos revestidos de alegria sempre favorável
A encarar o próximo desafio que está na mira para ser dominado e absorvido.
Nesse momento tenho orgulho de ter vivenciado suas trajetórias e conquistas,
Transpondo as dificuldades com esforço, mas utilizando valor correto e soberano;
Ganham agora status para comentar o futuro com a competência de analistas.
O orgulho cultivado sobre a vida dos meus mentores já pode ser tratado sem engano,
Hoje o transformo em atos próprios para prover este sentimento, mas sejamos realistas
Se um dia for metade do exemplo que tive, já serei um grande ser humano.”
By Luciano Barreto
AMO MUITO VOCÊS!
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Primeiro Mes (Quinta semana)
Desta vez demorei mais do que o normal para relatar como se passou nossa semana. O motivo é bem simples. Acredito que a quinta semana não foi o que podemos chamar de paraíso e fiquei um pouco desmotivado por um tempo. Vamos a ela.
Como relatei anteriormente, a semana começou ruim com um corte de cabelo bizarro, uma entrevista bizarra e uma job fair bizarra. Na quarta feira conversei com a Nanade que já não aguentava mais ficar naquele basement e perceptivelmente cada vez que adentrava ao recinto minhas feições ficavam mais contraídas. A resposta dela foi imediata: eu já não aguento faz tempo. Estávamos aguardando uma resposta de nossos amigos Sonya e Wellington para saber se seria possível ocuparmos o apartamento deles, já que estão de mudança para Mississauga. Porém, não sabíamos se o local aceitava animais. O contrato era claro ao afirmar que não podia. Então, resolvemos buscar mais opções, assim se a resposta fosse negativa já teríamos algo na manga. Acredito que isso serviu para nos colocar ainda mais para baixo, pois visitamos cada local... A reação em alguns deles foi parecida com aquela do vídeo dos expectadores do “2 Girls 1 Cup”. Segue a reconstituição da visita a um dos apartamentos. Detalhe, o loiro de óculos representa o realtor, pois ele sabia que nossas alternativas seriam pegar aquilo ou voltar para o basement: http://www.youtube.com/watch?v=OtRzf_ZcM0U&NR=1. Eu descreveria o episódio como “2 beds 1 bath”. Dica importantíssima: aconselho fortemente que nunca vejam o vídeo original das garotas, mas busquem no youtube as reações das pessoas, vocês irão bolar de rir.
As entrevistas da semana foram basicamente com Head Hunters. Sei que isso é o mesmo que plantar uma sementinha que pode dar frutos no futuro, mas tem hora que a ansiedade aumenta e essas entrevistas passam a ser “sacais”. Aquele sentimento que temos no Brasil que não podemos fazer nada novo, pois estamos à espera que algo mude (o recebimento do visto) continua por aqui. A diferença é que no Brasil estamos sendo pagos e escolhemos não fazer nada novo devido aos novos horizontes que estão por se abrir e quando estamos aqui estamos à procura de emprego para que esses novos horizontes realmente existam. Enquanto isso não chega, suas economias estão sempre na mira. Viemos com reserva suficiente para ficar mais de um ano sem trabalhar, mas a sensação de ver a falta de entrada de dinheiro é ruim. Isso logicamente só é percebido ao final do primeiro mês.
Aliás, fechamos o mês e gostaria de colocar nossas contas (bem por cima) para auxiliar aqueles que estão planejando seus budgets.
A surpresa do mês foi o alto custo com celular. Como minhas entrevistas estão ocorrendo muito por este meio, acabei gastando mais do que o esperado. Dica importante: aqui no Canadá, pelo menos o celular pré-pago da Rogers, você paga a ligação tanto quanto faz a chamada, como quando recebe. No meu plano pago $0.25 nos cinco primeiros minutos e $0.50 a partir daí. As entrevistas duram em média 20 minutos...
Quinta-feira feira havíamos marcado mais visitas a apartamentos, mas decidimos que aquela semana baixo astral iria acabar por ali. Resolvemos então ir almoçar num restaurante de verdade. Escolhemos o Joe Maggiano's (http://www.joessteakanditalian.ca/) onde as comidas são tão gostosas quanto bonitas. Nada como comer um salmão grelhado com verduras e legumes e um belo steak com batatas “solteiras” (apenas piada) para mudar o nosso humor. Fica a dica do restaurante. Ele fica na Sheppard com Victoria Park.
Parece que o almoço realmente mudou nosso humor e nossa “sorte”. Na própria quinta feira uma pessoa entrou em contato comigo para fazer uma entrevista no dia seguinte. Local escolhido, Joe Maggiano's. Coincidência? Vai saber! No momento que estava indo para a entrevista recebo outra ligação, desta vez do Wellington dizendo que não havia problemas com relação à Dalila e assim poderíamos fechar o contrato do apartamento. AAAAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! Essa notícia faria a Nanade pular de alegria e só de imaginar isso eu já me senti feliz da vida. A entrevista foi super interessante e acredito que gerará frutos. Não poderia ser diferente, eu estava tão satisfeito que fui muito relaxado. Foi um grande bate papo e tudo vai dando certo.
Sábado e domingo fizemos a festa. Com a desculpa de treinar para o Road Test que seria realizado na segunda-feira, pegamos a Jack, o Edward e o Edu e fomos para o Vaughan Mills (Pois é! De novo! Vou virar sócio do lugar). Antes almoçamos no Outback. No Domingo jogamos um boliche de manhã. Neste local, quem fizer 9 strikes seguidos ganha a bagatela de $3000. Fiz 5 seguidos e quase levamos esta brincadeira. A Nanade quase passou mal durante os jogos, já estava até fazendo planos para gastar a grana. Depois disso, almoçamos no Swiss Chale um excelente restaurante e com preços bem interessantes. Chegamos em casa pregados e a ansiedade com o Road Test não me incomodou. O Final de semana passou como uma flecha.
Segunda-feira, o dia D! Viajei até Burlington (60km de Toronto) para fazer a prova. Estava meio nervoso, mas quando vi que a prova durava apenas 15 a 20 minutos, relaxei. Não deveria! Cometi dois “erros” (que não concordei) e “failed”. Isso mesmo! Terei que fazer a prova novamente, agora na categoria G2. Os erros foram esses:
- Estava na tarefa de fazer curva à esquerda em um semáforo. Junto comigo à minha esquerda havia uma pedestre para atravessar a rua. Era uma avenida larga com 3 pistas vindo e 3 indo. Quando abriu o semáforo acelerei, como não vinha ninguém na minha frente, olhei no retrovisor, olhei o blind spot e vi que a pedestre estava no meio da segunda pista andando em minha direção, logo, ela não teria como chegar ao local que eu passaria, certo? Errado! A Motherf... da examinadora disse que eu deveria ter esperado ela passar. Eu ainda argumentei que no “Driver Handbook” diz que só há erro no “right-of-way” se o pedestre tiver que tomar alguma ação, como por exemplo correr ou parar. Nenhum dos dois ocorreu, mas a examinadora disse que eu deveria ter esperado e pronto.
- Saída da Highway, dobre à direita no semáforo. O semáforo estava fechado. Quando eu estava fazendo o approach ele abriu. Os carros à minha esquerda aceleraram. Como na minha frente não havia mais ninguém, olhei os retrovisores, blind spot e entrei. A examinadora disse que o semáforo estava fechado e que eu deveria ter parado. Ainda olhei pelo retrovisor e vi que todos os carros já haviam passado. Então pensei comigo: devo ter entendido errado. Quando finalizou o teste ela disse que eu tinha reprovado por isso. Eu disse que o semáforo estava aberto, mas ela, com um tom muito ríspido retornou um “estava fechado”. Então resolvi que não iria gastar meu tempo, já que já tinha gasto o dinheiro, com aquela escrota (me desculpem o palavriado). Recebi o papel amarelo e quase rasguei na fuça da pigmeu.
Pessoal, posso dizer a todos que esta foi a primeira vez que me senti derrotado. Durante 2 horas voltei ao baixo astral da quarta feira passada, mas logo conversei o Edward e outros brasileiros que me deixaram bem tranquilo quanto a isso. A Nanade foi vítima do meu baixo astral e não sabia o que fazer para me dar fôlego. A experiência é ruim e tudo aquilo que venho dizendo nas mensagens anteriores sobre este teste é verdade. As pessoas não tem muita boa vontade com quem vai tentar fazer direto o teste da G. Devo ter cometido mais falhas, mas já não me interessava em ouvir nada a respeito disso durante uma semana. Que venha o próximo teste.
A segunda ainda nos reservou um momento interessante. Fomos fechar o contrato de aluguel do apartamento e houve uma conversa muito importante sobre animais. Dica interessante: não há regra que proíba qualquer pessoa ter animais em sua residência. Assim, quem está errado são os espaços que dizem que seus ambientes não são “pet allowed”. BTW, caso você feche um contrato com um desses locais e quiser depois entrar com seu bicho, eles não podem te impedir. Isso foi dito pela própria dona do prédio (e também de mais 4 prédios), cujo contrato tem escrito que não pode ter animais. Ela diz que gatos e cachorros pequenos não são problemas, ela só se incomoda com cães de grande porte, mas mesmo assim nada pode fazer. Essa dica é valiosa para muitas pessoas que estão prestes a vir para cá. Se eu soubesse disso antes não teria tanto estresse para achar um local para morar.
Durante a terça recebi um outro telefonema com mais uma boa notícia. A entrevista de sexta-feira realmente gerou frutos e mais uma entrevista foi marcada para a semana que vem. Bola pra frente!
Nesses altos e baixos temos certeza que o relacionamento que mantemos em casa e o apoio da família e amigos são suficientes para nos ensinar a tirar o máximo proveito dos momentos positivos e o máximo do lado positivo nos momentos negativos. Confuso? Para nós é tranquilo, pois sabemos que estamos no caminho certo. Até semana que vem.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Ponto de Vista Feminino
Eu nunca tinha visitado o exterior, mas também quando o fiz, vim pra ficar. Foi engraçado porque acho que coloquei na cabeça que estávamos vindo pra passar umas férias e acho que por isso, não fiquei tãããão ansiosa...eu percebi que estava comendo um pouco mais que o normal (normalmente meus primeiros sinais de ansiedade são insônia e enjôo, conseqüentemente, falta de apetite), então acho que estava relaxada até demais. Minha ficha começou a cair quando já estávamos dentro do avião.
A primeira impressão que tive da cidade não foi muito boa, provavelmente por toda a história que o Lu já contou e eu cheguei até a pensar: como eu falaria pro Lu que e não queria ficar, que eu queria voltar pro Brasil?! Mas isso durou apenas um dia. Depois, cheguei a comentar com o Lu, que não queria morar em Toronto, mas isso durou apenas algumas horas.
Quando conheci alguns supermercados (eu e Lu adoramos fazer compras de mercado), alguns shoppings e algumas lojas como a Canadian Tire, tive certeza absoluta de que não quero voltar a morar no Brasil e de que quero morar aqui em Toronto.
Gente, a facilidade que a gente tem aqui é fascinante e viciante. Pra quem está vindo, não se preocupe em trazer feijão nem qualquer outra coisa...até guaraná tem aqui!
Depois de mais tranqüila, era hora de começar as aulas de inglês. Eu tinha uma idéia do inglês. Entendia algumas coisas, muitas vezes pelo contexto e olhe lá. O primeiro dia de aula foi terrível pra mim, porque não tinha o Lu pra me socorrer. E quando eu ficava nervosa ou não sabia como se expressar em inglês, não tinha outro jeito, foi desesperador. Mas logo já me aventurei... No segundo dia, fui numa lojinha perto da minha escola e resolvi que ia comprar um presentinho pro Lu. Entrei na loja, peguei o que queria e fui para o caixa. Lógico que me dei presente também, afinal, eu merecia pelo meu esforço, né? Lu perguntou se eu fiquei nervosa, mas não tinha muito o que ficar nervosa, já que eu não precisei falar nada além de “Good afternoon! e Thank you!”. Aí lógico que já estava me achando a própria canadense e resolvi no dia seguinte passar na farmácia, que por sinal também é um espetáculo. Na hora de pagar, eu simplesmente não conseguia acertar o valor que eu tinha que pagar. Eu escutava, mas não assimilava! A moça repetiu três vezes e eu já estava morrendo de vergonha, com uma fila enoooorme atrás de mim. Saí da farmácia sem nem olhar pra trás, mas comprei o que queria. Aí foi que Luciano se lascou, porque eu percebi que eu conseguia comprar as coisas sozinha. Que perigo, hein?!Depois disso, já fui no mercado sozinha, fui comprar um casaco e o dono da loja, um senhor muito simpático, até virou meu amiguinho. Batemos altos papos.
Agora tem sido assim, a primeira lojinha em que me aventurei, virei freqüentadora assídua, no mínimo duas vezes por semana. A dona da loja já até me conhece. Eu preciso praticar o inglês né minha gente?! E lá eu consigo exercitar, já que agora além do “Good afternoon!” and “Thank you!”, eu falo também “I’m fine, thanks! And You?”. Bem, querendo ou não, já é uma frase a mais pra minha prática, né?
Claro que eu preciso melhorar muito o meu inglês, mas estou me esforçando pra perder a vegonha de falar e conversar com as pessoas. Fácil? Não! Mas tudo depende do tamanho da sua diposição e da sua vontade de realizar. Não posso deixar de falar da força e da segurança que o Lu me dá...pra tudo! A gente conversa em inglês praticamente todos os dias e isso tem me ajudado muito. Ele é o meu suporte, meu encorajador, meu amigo. Sabe aquele sentimento de segurança? É o que ele me faz sentir. Não tenho medo porque estou com ele. Obrigada amor, por tudo!
A cada dia que passa e eu percebo que faço pequenos progressos ao conversar com o pessoal da escola ( e olha que os sotaques são de matar) e eu fico muito animada, porque antes eu não conseguia nem fazer isso. Acho que ainda não é hora de me cobrar muito, já que estou no curso há apenas três semanas. É hora sim, de absorver tudo o que eu puder e de me divertir, já que estamos numa grande aventura.
Enfim, estou muito feliz e muito bem adaptada. Antes de a gente vir pra cá, eu só conseguia imaginar que seria tudo muito bom. Eu simplesmente, não conseguia imaginar alguma coisa sendo ruim. E fora o lugar que estamos hospedados (temporariamente), de resto está sendo melhor do que eu imaginava, porque agora não é mais um sonho, é a nossa realidade!
Gente, o importante é tentar! Se você tem um sonho, arrisque, vá atrás, vale a pena. No mínimo? Uma experiência de vida. No máximo? Sua felicidade plena!
E aí, vai arriscar?