terça-feira, 20 de maio de 2008

Mudança de espaço

Pessoal,
boas novas. Criamos um novo espaço para continuar nossa diversão.

nanadeelunocanada.blogspot.com

Espero vocês por lá.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Oitava semana. O fim do sonho.

Esta semana foi longa. O começo foi logo no dia de uma entrevista muito importante. Consegui dormir bem, apesar de ter passado o dia com baixo astral. Mas a oportunidade era essa, era agora, era ali. A reunião foi marcada para 13 horas, então tive tempo de tomar um bom café, fazer a barba e até tomar um banho relaxante de banheira. Isso mesmo! Para quem batia a cabeça ao tomar banho, ter um “ofurinho” (diminutivo de ôfuror) é um grande luxo.

Durante o caminho para a entrevista eu me deparei com uma diferença em relação à nossa cultura que até então não havia prestado tanta atenção. Talvez seja porque eu estava em modo “atenção total”, mas o concurso de quem dá a melhor assoada no nariz em local público me fez rir durante os primeiros participantes. Porém, depois fiquei meio preocupado devido ao estágio avançado da força desprendida por algumas pessoas. Aquilo tem um processo de propagação igual ao bocejo, quando o primeiro começa, os outros têm uma reação imediata e continuam a sinfonia. É possível ouvir todos os estilos:

  • Simples: Ppppppprrrrrrrrrrrr

  • Ritmado: Ppprrrrr Ppprrrrrr Pppprrrr

  • Disfarçado: Pppprrrrrr HUH HUMM

  • Tímido: Pprr........................Pprr

  • Silencioso: Sssswwwiiisshhhhh. Esse são os piores, pois tem o perigo de pingar nas pessoas ao lado.

  • Brasileiro (aquele que não desiste nunca): Pppppprrrrrrrrrrrrrrrrrr Ppprrr Prrr Pppppprrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr Pppprrrrrrrr PPPPRRRRRRRRRR. Um senhor mandou um desse que quase pedi para ver o lenço depois, pois tinha certeza que um pedaço do pulmão tinha vindo junto.

  • Berrante: Ppprrr Fooooooomm Fuuuoooooooo Fuuuoooooo Fuoo Fuo Fuo Fuo Fuuuoooommm. Esse obviamente foi o campeão. Aquele senhor deveria tá tocando no metrô para ganhar a vida. Impressionante!

A entrevista foi mais complicada do que eu imaginava. Havia dois diretores e um deles começou a enveredar pelo mesmo lado do “you are over qualified” e isso me preocupou muito. Porém, senti confiança nas respostas que havia fornecido e saí de lá otimista. O resultado deveria sair brevemente, pois a área estava realmente precisando preencher esta posição. O gerente da área estava em viagem internacional e não poderia tomar qualquer atitude até a sexta feira. Tudo bem, dois dias para saber o resultado não iria me matar. Sendo ele positivo ou negativo, o importante é saber onde está pisando.

Durante a volta para o metrô resolvi fazer minha infalível técnica de pensamento positivo para atrair as empresas que estão em processo de contratação, que consiste nos seguintes atos:

  • vire-se para o local (coisa, idéia, etc) que muito lhe interessa;
  • Estenda suas mãos na direção pretendida;
  • Limpe sua mente;
  • Comece o seguinte mantra. “Venhavenhavenhavenhavenhavehavenhavenhavenhavenha”.

Faca isso até que sua mente comece a funcionar novamente e a lembrança de que está no meio da rua, por exemplo, comece a ser o pensamento principal. Isso significará que a concentração acabou. Porém, lembrei desta prática quando já estava na rua e no momento que resolvi me voltar à empresa havia um Tim Hortons entre minha pessoa e o local desejado. Preferi então não utilizar a técnica, pois um erro de cálculo poderia gerar resultados indesejáveis.

Sexta feira resolvi buscar algumas informações, mas soube que o Gerente havia chegado de viagem muito cedo e não houve conversa com a Diretora. Final de semana seria daqueles, sem informações e com a ansiedade batendo o recorde dos recordes. Afinal, eu tinha aquela oportunidade no quarto nível e as outras muito no começo. Particularmente já estava cansado de tanto contar a mesma história (entrevistas) para novas pessoas. Queria mais ação, contar novas histórias, novos desafios. O sábado passamos na casa do Edward e Jack e no domingo ficamos em casa morgando e fazendo a faxina da semana.

Segunda- feira comecei o dia bem. Pela manhã recebi uma ligação de uma das Big X (5, 4, sei lá quantas são agora) pedindo para que eu apresentasse uma data para entrevista ainda nesta semana. Depois de 20 minutos recebi uma outra ligação da empresa que havia sumido, conforme dito na semana passada. Eles demonstraram que ainda queriam me contratar e que estavam aguardando fechar um contrato onde meu perfil se encaixaria bem. Excelente! Agora sim, posso voltar a respirar. Os ânimos voltaram ao estágio que devem estar neste momento: nas alturas. Nada de baixo astral, nada de pensamentos negativos. O momento é de manter a confiança.

Um grande amigo de Brasília (O Camila) estava em Toronto e nos chamou para encontrarmos com ele no centro da cidade. Quando estava de saída recebi um e-mail do gerente da empresa ao qual eu estava esperando contato me pedindo mais informações sobre a meu status atual no Canadá e o número do meu SIN. Bem, para que ele quer pedir o número do meu SIN se não para me contratar? Ele pediu comprovante de landing, SIN e endereço. Assim, eu teria que scanear tais informações para enviá-las quando pudesse. Quando pudesse??!! Eu envio agora. Naquele momento ele estava saindo da empresa e combinamos que eu enviaria no dia seguinte. Para que se estressar? Fomos para o centro da cidade nos encontrar com o Camila.

“Refraseando”, fomos para o centro da cidade para tentar nos encontrar com o Camila. Ficamos 30 min esperando na porta de uma loja, ligando de 20 em 20 segundos para o seu celular brasileiro e nada de conseguir qualquer contato. Depois de tanta espera resolvemos andar pelo centro da cidade. BTW, a Yonge é muito feia. O Path dá um aspecto bem melhor à cidade e acredito que a partir de agora só andaremos por baixo da terra. Agora eu sei porque vemos tantos loucos nos metrôs, eles estão se dirigindo ao centro da cidade. Parece que no centro tudo é permitido. What happens in downtown, stays in downtown. Lojas de produtos eróticos se misturam com Taco Bell, The Hemp Company (Isso existe! Não é brincadeira!) e bares baixo nível. Uma das lojas de produtos eróticos apresentava em sua vitrine uma espécie de máquina do amor para mulheres solitárias. Era uma mistura de andaime com britadeira que realmente não acredito que deveriam estar expostas daquela forma na rua mais importante da cidade. Deixando de ser purista, a rua realmente não apresenta um aspecto muito interessante. Bem, nós não nos sentimos à vontade, mas foi um passeio esclarecedor.

Voltamos para casa e resolvemos jantar num restaurante japonês da redondeza. Apesar do preço um pouco mais salgado do que esperávamos, a comida é muito boa e recomendável para momentos de comemorações. De vez em quando fazemos este tipo de “estripolia” para que a tensão baixe um pouco e possamos voltar nossas forças para o que é realmente necessário.

Terça feira acordamos muito cedo e fomos direto para a Casa do Daniel e da Cinthia para podermos scanear os documentos requisitados e nos livrarmos desta pendência. Sabíamos que aquela espera poderia durar alguns dias e resolvemos dar um pulo no Dufferin Mall para comprar algumas coisas para casa. Eu teria uma entrevista às 3:00h com a Big X que havia me ligado no dia anterior, então resolvemos voltar para o nosso lar. Eu precisava me preparar, pois essa grande empresa entraria na lista das preferidas, juntamente com aquela que estava na fase final.

Durante minha preparação para a entrevista estava batendo um papo com o Ricardo (outro graaande amigo) quando recebi o e-mail do gerente da empresa apresentando uma Offer Letter. AAAAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! Eu não sabia o que fazer, lia? Ria? Corria? Gritaria? Corri no quarto e dei um grande abraço na Nanade. “Amor, acho que nossa espera acabou!” Voltei para ler a oferta e percebi que os termos estavam de acordo com o que havia pedido e o dia de início do contrato era “amanhã”. UAU! Não posso negar a ninguém que minha primeira reação foi deixar rolar lágrimas de alívio e emoção. Naquele momento percebi que o sonho havia acabado, agora tudo havia se tornado realidade, dia-a-dia, a nossa tão esperada nova vida. Conseguimos transformar uma proposta que nasceu há 8 anos atrás, quando ainda não tínhamos qualquer qualificação requerida no processo, em uma completa mudança de vida e agora um excelente emprego numa excelente empresa.

O que se seguiu foram diversos contatos com as pessoas que tanto apoiaram todo o nosso caminho. Algumas pessoas nos perguntaram qual foi a nossa estratégia ao chegarmos ao Canadá que nos deu um emprego tão rápido. A minha resposta é clara e nem sempre bem aceita. A estratégia começou a mais de 10 anos atrás quando ouvi pela primeira vez que o Canadá promovia este tipo de “facilidade” para obtenção de vistos. Para chegar aqui com uma carreira sólida precisei me formar, obter as melhores certificações do mercado em minha área, procurar empregos em empresas respeitáveis e, acima de tudo, encarar desafios que pudessem trazer credibilidade suficiente para convencer os outros que vale a pena contar com esse recurso, vulgo eu, em sua empresa. Ressalto que não sou nenhum gênio, nem me sinto desta forma, mas receber aquele e-mail me fez sentir com o dever cumprido em relação a esta proposta tão difícil.

O momento agora é de comemoração, afinal não é todo dia que conquistamos algo tão grande. Acredito que viramos uma grande página em nossas vidas, diria até um capítulo que está totalmente aberto para escrevermos novos sonhos e objetivos, mas o momento agora é de comemoração.

Diante disso, gostaria de divulgar que este será o último post desse blog. Acredito que o nosso objetivo de demonstrar o caminho inicial de um imigrante foi cumprido nesses 20 posts divulgados em dois meses. Agora retornaremos à nossa vida e esperamos que tenhamos passado uma visão clara que nada aqui é fácil. Porém, o bom humor ajuda a suavizar as dificuldades e clarear os caminhos.

Antes disso, gostaria de contar uma última aventura: A volta do primeiro dia de trabalho. Não preciso mencionar que o dia iniciou perfeitamente. Peguei o metrô e fui ao trabalho, conheci o ambiente e não fiz muita coisa. Processo normal de quem está entrando no novo emprego. A volta para casa me reservou uma grande aventura. Ao chegar na estação da Bloor com a Yonge percebi que havia algum problema e o metrô estava parado. Pelo sistema de som da estação foi informado que havia algum problema de saúde com uma pessoa na estação St George. Assim, as pessoas deveriam pegar um shuttle na bloor que iria nos deixar na estação Ossington. Para quem não sabe são 6 estações depois da Bloor. Quando isso acontece significa que alguém se jogou na linha do trem ou teve um ataque cardíaco dentro do metrô, pelo menos foi isso que os usuários me informaram. Ao subir para a Bloor vi que haviam muitas pessoas esperando o ônibus e uma chuva fina caia sobre nós. 10, 20 minutos se passaram e nada de shuttle. Além disso, a rua estava bem engarrafada, pois todos haviam saído do metrô para pegar taxis e conduções alternativas. Ao invés de ficar esperando, resolvi roubar a idéia de um casal à minha frente e tomei meu caminho à pé.

A visão da cidade, os sons em inglês e a chuva fina traziam à mente mais uma sensação de lavagem de alma. Parecia que eu estava me purificando com tudo aquilo que estava acontecendo. Andar 6 estações de metrô depois de um dia de trabalho e debaixo de chuva não era nada comparado à sensação de estar com os pés no chão novamente. Eu estava tão feliz que resolvi doar um Toonie que havia recebido de troco. Eu não sou uma pessoa de dar esmolas, mas esse dia merecia alguma nova atitude, um novo gesto de agradecimento. Eu já havia passado por alguns pedintes mas todos com cara de drogados. Logo à frente vi o senhor que iria ganhar o dia. Todo maltrapilho, sujo, boné rasgado na cabeça, sapatos esfolados, um copo do Tim Hortons na mão, sentado num poste de prender bicicletas. Fui em sua direção com o som do tintilhar das moedas em minha mente. Cheguei perto e joguei a moeda em seu copo para ouvir um.... Glub!..................... Glub????!!!!!!!!!! “Are you crazy, man?”. Minha nossa! O copo do velho estava com café! Eu não sabia o que fazer. “Meu senhor, mil desculpas. Eu.. Ha.. Pensei....”. O que eu falaria numa hora dessas? “Eu pago um outro café para o senhor”. Para a minha sorte, o senhor devia estar num dia tão bom quanto o meu e a única coisa que fez foi jogar o resto de café fora, pegar a moeda e dizer para eu não me preocupar que ele pegaria outro com o Toonie. Na minha cabeça já havia passado tudo o que é situação. Polícia, imigração, surra de mendigo. Depois disso, prometi a mim mesmo que nunca mais dou esmola na vida.

Ao andar para a estação Ossington ainda passei pela Spadina e seus moradores Chineses. Entrei na estação e vi que o metrô já havia voltado a funcionar há algum tempo. Ou seja, andei 1 hora na chuva, com direito a um grande mico, à toa. Cheguei em casa como um pinto molhado, cansado, mas louco de vontade de contar as novidade para a Nanade. No final do dia coloquei tudo na balança e pude perceber que esse foi o melhor dia do ano. TOP 3 da minha vida inteira.

Como é bom alcançar grandes objetivos. Desce um Haagen Dazs de morango!

"Princess, Welcome to our new life!"

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Sétima semana - A carteira de motorista

Nova casa, novos móveis, nova arrumação e logicamente novas aventuras. A primeira que enfrentamos foi lavar roupa nas máquinas pagas do prédio. Depois de ficar com a roupa toda empacotada durante quase 2 meses, precisávamos dar um ar para elas e resolvemos lavar a grande maioria. Nós não gostaríamos de guardar nada que estivesse mantido contato com o porão. Seria assim, uma literal lavagem de alma. Poderíamos então guardar tudo limpinho, novinho e com nosso toque familiar.

Começamos a separar as roupas entre claras e escuras e os montes começaram a crescer, crescer, até que percebemos que precisaríamos de CAN$2.00 para cada máquina de lavar e CAN$1.75 para cada secagem. Resolvemos contar as nossas moedas para avaliar se haveria dinheiro suficiente em casa. Tínhamos 5 moedas de CAN$1.00 e algumas de 25 cents que não chegava a completar o montante necessário. Precisaríamos trocar alguma nota para podermos completar pelo menos duas máquinas de roupas. O trabalho agora era retirar o máximo de roupas claras e escuras para que pudéssemos realizar apenas uma rodada de cada tipo. A briga foi enorme, pois a Nanade queria que TODAS as roupas dela fossem lavadas. Ela encontrou aranhas na granja (vulgo porão) e disse que nunca mais iria usar qualquer roupa que tivesse passado por ali. Como sou uma pessoa muito solícita, além claro de não querer trocar todo o seu guarda roupa, dei a vez para que ela enfiasse todos os seus pedaços de pano antes que eu pudesse pelo menos lavar minhas cuecas.

Combinamos assim: colocaríamos a roupa para lavar, já que tínhamos os 4 dólares na mão, eu iria no metrô trocar as notas, subiria na rua dos mercados para comprar algo para o almoço, voltaria para colocar as roupas para secar enquanto a Nanade preparava o rango em casa. Assim fomos, tudo como combinado. Porém, na hora de colocar as roupas para secar percebemos que a máquina só aceitava moedas de CAN$1.00 (loonies) e de CAN$0.25 (quarters). Quando trocamos o dinheiro no metrô só recebemos moedas de 2 dólares (toonies). Ai caramba! Lá vou eu de novo subindo 10 minutos de caminhada até a rua do comércio para comprar um cacho de uvas e conseguir as moedas trocadas. Contei certinho e voltei com tudo separado. Ao passar a roupa para a secadora percebemos que estava tudo encharcado. Talvez pelo fato de termos colocado muita roupa, mas resolvemos atolar tudo na secadora e ver o que dava. Claro que o dinheiro contado resolveu cair no chão e uma moedinha de 25 cents ficou no lugar mais difícil de pegar, mas isso foi apenas um detalhe dentro desta correria toda.

Ao voltarmos para buscar as roupas na secadora levamos um susto, pois continuavam molhadas e tivemos que bater tudo novamente. Isso não aconteceu sem antes eu ter que voltar no metrô para trocar mais dinheiro. Segunda batida de roupas e nada! Então resolvemos levá-las assim mesmo para casa. O apartamento virou um cortiço, roupas penduradas em todas as portas e cadeiras (foto em nossa seção à direita). A Sonya nos deu a dica que existem algumas máquinas melhores do que outras, mas que, de fato, ela acredita que colocamos roupas demais. A secagem aconteceu via ferro de passar. Foram 2 dias de passagem de roupa. Na verdade usei esta tarefa como terapia, pois minha prova de carteira de motorista estava chegando.

Neste meio tempo recebi o e-mail de confirmação da entrevista tão esperada, ela será na próxima quarta-feira (dia 30). Assim, dentro do nosso cronograma, na outra semana. Paciência, paciência!

Falando nisso, sexta feira, dia 25, o dia E (o dia D já tinha passado e eu tinha tomado pau). Acordei cedo, sem pressão, aluguei o carro e me dirigi à Oakville. A prova estava marcada para 14:00h e cheguei lá às 12:00h. Fiquei observando como as pessoas saiam do centro de teste, como era a cara dos examinadores, quanto tempo demoravam para voltar, etc. Depois de algum tempo resolvi passear num mall que fica em frente ao Drive Test Centre e entrei no supermercado Sobeys. Dica interessante: achei o ambiente e os preços deste supermercado muito atraentes. Durante meu passeio consegui achar uma coisa que ainda não tinha parado para prestar atenção: Haagen Dazs de morango. Hummmmm! Prometi a mim mesmo que passaria na prova e voltaria para comprar aquele sorvete como sinal de comemoração. Aliás, pausa para uma explicação histórica. Na época que eu abri a empresa com dois amigos (Ricardo e Carlos) nós criamos uma tradição que ditava que toda vez que conseguímos grandes feitos (fechar grandes projetos, finalizar grandes propostas) fumávamos um charuto. Se me perguntarem se fumar charuto é bom, responderei com a maior franqueza do mundo.... é uma bosta! Mas aquela cerimônia era deliciosa, nos sentíamos bem por ter conquistado coisas importantes na vida. Grandes lembranças desse período. Voltando ao presente, acredito que acabo de mudar esta tradição para algo mais saudável (será?!!). Bom, pelo menos eu não fico zonzo no final.

Depois do passeio pelo mall almocei no Tim Hortons e fui para a minha prova. Os instrutores eram das mais variadas etnias. Tinha negros, muçulmanos, chineses e até uma Singh que usava aquela bola vermelha na testa. Sinceramente, aquilo me incomoda. Será que é uma raspadinha? Se alguém raspar ali, será que acha um “você ganhou a carteira G”? Não sei, só sei que eu não teria a manha de raspar. Eu pedi muito para que ela não fosse minha examinadora, pois com aquele ponto vermelho fico com a sensação que ela está me filmando o tempo inteiro. Isso me deixa nervoso. Para minha surpresa a examinadora era bem “canadense”. Chegou no carro, pediu para fazer os comandos básicos e se mostrou bem simpática. Após entrar no carro ela disse que a única coisa que queria era um “safe drive”. Ok! Vamos nessa! Ao contrário da outra examinadora, esta apenas falava os comandos e não prestava qualquer atenção se eu estava olhando blind spot, espelhos, freando na hora certa, etc. Eu achei estranho, mas me tranquilizou. Em momento algum houve qualquer problema e em 15 minutos estávamos de volta ao centro. Ela me deu os parabéns e disse que eu dirigia muito bem. AAAAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE. Mas espera aí! Ainda indaguei que havia feito a prova da G e que tinha sido muito diferente. Dica importante: a examinadora disse que a prova da G é muito mais pesada mesmo, que eles querem saber se o motorista realmente sabe todas as regras escritas no livro, mas que na G2 eles só querem saber se o motorista tem o controle do carro e paciência no trânsito. Sem problemas! O importante é que estou com a carteira na mão e só para comemorar voltei de Oakville até Toronto sem olhar no blind spot nenhuma vez. Aliás, institucionalizei o “blindspotless” weekend. Além disso, comprei meu merecido Haagen Dazs e o saboreei tranquilamente. Além da delícia do sorvete, este tinha um sabor de missão cumprida. Combinação perfeita.

Final de semana foi tranquilo, ficamos com o carro e compramos algumas outras coisas para a casa. Houve um churrasco na casa do Flávio para inauguração da primavera e nada muito agitado. Estava com uma gripe de matar.

Segunda-feira a festa da carteira já havia terminado, assim como a pilha de roupas para passar... o tempo. Além disso, recebi resposta negativa de uma empresa que estava bem avançada no processo. Isso foi uma grande frustação para mim. Dica importante: eles alegaram que eu era “over qualified” para a vaga. Porém, a verdade é que as empresas já entenderam como funciona a entrada dos imigrantes no mercado de trabalho. Muitos preferem buscar vagas em níveis menores apenas para pegar “Canadian Experience” e logo que conseguem esta variável, aceitam qualquer nova oferta. Assim, as empresas ficam receosas de contratar quem tem perfil para a vaga, mas não tem Canadian Experience. Porém, não contratam quem tem mais experiência do que o necessário, pois sabem que estão as usando apenas como “stepping stones” para algo maior. Ou seja, arrumar o primeiro emprego tem variáveis mais complexas do que eu esperava.

Terça-feira foi um dia muito baixo astral. Com a saída desta empresa da jogada e o sumiço de outra que também estava na quarta etapa de entrevistas, as coisas se reduziram a apenas à empresa cujo tenho entrevista na quarta feira. Pela primeira vez eu estou sem alternativas e isso me deixa preocupado. Cheguei em casa de tarde e só consegui deitar e dormir, pois minha cabeça estava estourando de dor. Tenho que estar preparado para a entrevista, não vou deixar as 3 entrevistas que já passei irem por água abaixo novamente por causa desta "guerra velada".

O resumo da semana é que não posso deixar me abalar. Afinal, consegui o segundo pé necessário para uma vida normal e amanhã terei uma importante entrevista para buscar aquele que me trará de volta à trilha. Descanso e foco é tudo que preciso agora. Grande semana a todos, pessoal.