domingo, 16 de março de 2008

Primeiro Dia

O primeiro desafio era chegar à casa que havíamos alugado. Tínhamos apenas o telefone e o endereço da pessoa. Pegamos um taxi grande e fomos embora, tentamos ligar a primeira vez para a casa e ninguém atendeu. Tentamos para o celular e ele estava fora de área. Bateu um tensão, mas sabíamos que daria certo. Utilizamos o celular do taxista. Pelo que nos falaram, isso é comum por aqui.
O horário era muito ruim pois as pessoas estavam indo para o trabalho. Assim chegamos ao Canadá da mesma forma que saímos do Brasil, num engarrafamento. Conversei com o motorista e ele disse que o engarrafamento ali estava bem ruim, mas não é daqueles da 23 de maio, o carro anda o tempo inteiro e não pára muito. Ainda não sei se esta é a realidade, mas foi o que o motorista de taxi disse.

Durante o caminho tentamos ligar mais algumas vezes e não conseguíamos contato. Isso foi nos deixando desesperados, pois o tempo estava ruim (-5oC) e nossas roupas não eram apropriadas. Resultado, tentamos ligar umas 5 vezes sem sucesso e sempre deixamos recados na secretária da casa da pessoa. O celular estava com problema, mas só saberíamos mais tarde. Ao chegar na porta da casa, batemos e ligamos uma ultima vez, pois já não tinhamos o que fazer. O taxista disse que continuaria ligando, mas que não podia ficar esperando. Bela recepção, ficaríamos parados do lado de fora, num frio sinistro e sem a menor noção do que fazer, pois tinhamos um monte, literalmente falando, de malas, a gatinha, sem celular, sem contato..... quando isso tudo estava tomando a nossa cabeça, a mulher liga de volta para o celular do motorista. Ela estava na rua de trás e o celular havia dado problema. Em 5 minutos ela chegou ao local e nos apresentou nossa moradia temporária.

Bom, esse foi o primeiro sinal que somos imigrantes no começo de vida. O basement da casa nos assustou muito. Por mais otimistas que estivéssemos, a visão nos deu um golpe duro. Metemos todas as nossas malas para dentro de “casa”, avaliamos se o local era apropriado para a Dalila, arrumamos seu banheirinho e comida e resolvemos pegar o metrô para downtown. Quem sabe assim, nos sentiríamos no primeiro mundo. Segundo grande desafio, andar pelas ruas com temperatura negativa. A Nanade estava com casacos comprados em Campos do Jordão, coitada! Aqueles casacos só servem para fazer volume na mala, esquentar que é bom... O metrô fica a 15 minutos de caminhada de onde estamos e rapidamente (mesmo!) chegamos à estação. O metrô é mais feio e sujo que o de São Paulo e Rio de Janeiro, mas a cobertura das linhas é muito boa. Você consegue ir para qualquer parte de Toronto utilizando o sistema de transporte (metrô, ônibus, trem). A primeira coisa que fizemos foi nos dirigir para a Union Station, o centrão de Toronto.

Quando chegamos ao centro, descemos num local onde estão sendo realizadas diversas obras. Assim, o lugar está feio, com barulho intenso e um pessoal mal encarado. A primeira impressão também não foi boa, nestes momentos sempre vem à cabeça aquela velha sentença: o que diabos eu vim fazer aqui??!! Não achávamos o Path, nos sentíamos fora de nossa realidade, achando que todos sabiam que éramos imigrantes de primeira viagem. Após tantos sustos, resolvemos comprar um mapa para nos orientar. Neste momento as coisas começaram a mudar. Achamos o path, aliás vale uma ressalva positiva, pois o lugar é muito interessante, e logo uma canadense muito simpática viu que estávamos perdidos e nos guiou até o banco, onde abrimos nossa conta. Fomos muito bem recebidos e conseguimos nos “livrar” de todos os nossos Travellers Check, não antes de assinar mais de 500 folhas, haja braço!

Há esta altura estávamos famintos e fomos guiados ao Eaton Centre. Descorbimos nosso grande desafio até o momento... comer bem! Impressionante como as pessoas aqui comem alimentos gordurosos, sem gosto e apimentados. Tem gente que almoça um “copo” de batata frita no NY Fries. Aquilo pode até ser bom, mas almoçar isso... Fomos ao velho e conhecido Subway. DICA: pedir comida é uma das coisas mais difíceis que podem enfrentar. Vou fazer um pequeno dicionário para auxiliar os novos imigrantes (como nós):

· “Chiquenobife”: Usualmente utilizada em aviões é uma pergunta realizada pelos comissários cujo significado é “Chicken or Beef”.
· “He togo”: Isso não significa que um Koreano ou indiano esteja te mandando embora. Eles apenas querem saber se você vai comer “Here or To go” (order)
· “SuperSalad”: Ao ouvir esta “oferta” como entrada no restaurante, não aceitem achando que é uma salada gigante. A pergunta do garçon significa uma escolha entre “Soup or Salad”.
· “Wanitosti”: É uma simples pergunta no Subway se você quer que o sanduiche seja “Toasted”

O segredo é conhecer o script de cada loja, pois acredito que é impossível entender o que eles falam, já vi até Canadense pedindo para repetirem as perguntas.

Após o almoço fomos comprar celulares para conseguir nossa comunicação de volta e pegamos o metrô para casa.
A primeira noite não foi o que podemos chamar de “uma noite no paraíso”. Toda a carga emocional das ocorrências do dia recaíram sobre nossos ombros e realizamos que estamos no início de um caminho que não é fácil. Por esta razão teremos muito orgulho ao conquistarmos os nossos objetivos.

10 comentários:

Paulo e Luz disse...

Desejamos felicidades e parabens pela conquista. Espero em breve estar por ai também. Luciano, pela foto agora tenho certeza que você foi um dos 'proctors' do meu exame CISSP, abraço. :-) Paulo.

Ricardo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ju k disse...

q legal acompanhar este início. qd. der postem uma foto da gatinha, please...abçs e good luck

Augusto Barros disse...

Relax com o basement, vc sabe que é temporário mesmo. E aproveita para andar que a cidade é linda, vocês só deram um pouquinho de azar na primeira caminhada.

Parabéns por terem matado o primeiro dia. Agora fica cada vez mais fácil!

Unknown disse...

Parabens!! muito sucesso nesta nova etapa das suas vidas....vcs que sao guerreros e herois como disse o Pedro Bial, só que o sao realmente e nao de brincadeira como no BBB, parabens e torcemos por vcs, logo logo, estaremos minha esposa e eu na mesma situacao...ahh muita boa ideia tua de fazer um dicionario...vc pode ficar rico...hehehe gde abraco e a benca de Deus sempre com vcs.

Ninha disse...

Oi pessoal, adorei o blog, continuem com esse senso de humor que as coisas vão ficar cada vez melhores. Sei que o inicio não é fácil, mas passa, acreditem.
As coisas agora são iniciais, assim como o basement.Aproveitem sempre que puderem para passear pois realmente Toronto é linda !!!

Abraços,
Ninha e Dodo

Unknown disse...

Parabens pela vida nova! Queria desejar muito sucesso para vcs! Estou conhecendo hoje seu blog e gostei muito! Abracos, Gleison.

Carlos Henrique disse...

Faaaaaaala Mulek!!! Tava preocupado sem notícias de vocês!!
Parabéns novamente por tudo e pelo blog. Assim dá pra gente matar um pouco da saudade como se vocês tivessem contando as historias pessoalmente.
Tudo de bom pra vocês e pode ter certeza que estamos todos torcendo pra tudo ser proveitoso e divertido além do sucesso de vocês.
Grande beijo pra Dade e um Abcao!!
t+

Carlos H.

rosadasilva disse...

Lu e Nanade, me matei de rir ao ler o mini dicionário para imigrantes (nos fast food). Para mim foi a mesma coisa no inicio mas depois a gente se acostuma com os sotaques...
Força que esta fase passa e cada dia será melhor!
Um abraço
Rosa

Gianpaolo Cunha disse...

Luciano, daqui um ano eu e minha esposa é que estaremos indo... Desejamos todas as portas abertas para voces.
Eu e minha esposa fomos ai em Toronto ano passado e olha, é isso mesmo! Ri demais lembrando do "He to go". Pura verdade. O ingles daqui não é o daí...