segunda-feira, 17 de março de 2008

Segundo Dia

Nada como um dia depois do outro com uma noite no meio. A conversa da noite anterior com a dona da casa e depois nossa conversa familiar fez com que nosso ânimo se revigorasse. Acordamos com novo espírito e já de manhã nos arrumamos para voltar ao centro da cidade. Desta vez o objetivo era comprar roupas de frio adequadas e um notebook.

Antes disso, durante os carinhos matinais sagrados em nossa pequena, descobrimos uma curiosidade. Os pelos da Dalila não estão mais caindo. No Brasil, a cada semana conseguíamos construir 3 gatos com os pelos coletados durante as faxinas. A natureza é sábia e espero que este fenômeno acometa a minha pessoa também.

Caminho de sempre, 15 minutos andando, frio de matar, descobrimos porque as pessoas andam tão sérias por aqui: colocar 0,5cm de dente para fora é certeza de dor intensa. Deve ser por isso que dentista é tão bem pago nesta terra. Outra decoberta fantástica, o cachecol pode servir de máscara e o calor da sua respiração não deixa o nariz congelar. Isso é que é tecnologia!


Chegamos ao centro, descemos direto no Eaton Centre. Pesquisamos roupas, luvas e uma malandragem para esquentar a orelha que até agora não sabemos o nome. Além de proteger a orelha, este protetor não desarruma os cabelos. Ainda descobriremos....

Hora do almoço, queríamos algo que não fosse sanduíche. As alternativas eram péssimas e nos restou um chinês e um Grego (Jimmy The Greek). Comida Chinesa já conhecíamos no Brasil, então resolvemos nos aventurar no Mediterrâneo. Escolhemos um churrasquinho de frango, arroz, batata e salada. Hummmmm, lembrei da minha infância, quase chorei. O arroz tinha gosto de massinha de modelar e a alface era um durex. O frango não tinha sal e a única coisa que sobrou foi a batata, que não temos do que reclamar.

Há esta altura começamos a perceber que o número de imigrantes é muito grande, já não nos sentimos mais peixes fora d’água. É impressionante! Agora sabemos que é só chegar nos lugares e, dependendo da fisionomia, começar a frase com Mr. Mohamehd, Sing ou Wu (Wi, We ou qualquer barulho vocal) que será certeza acertarmos os nomes.

Final de estação é uma beleza, compramos casacos bons por 30, 40 e 50 dólares. Nossos dias de frio estavam terminando (vocês ainda ouvirão sobre isso). Depois disso fomos ao Future Shop na Bloor, escolhemos nosso Notebook Branco, não preciso dizer quem escolheu, e quando nos preparávamos para ir embora não pude deixar de fazer a pergunta ao Mohamehd: “Estamos indo para casa de metrô, será que há algum problema em levar esta caixa conosco? Não seria melhor colocarmos o Notebook dentro da mochila?”. Resposta: “Don’t Vorry! You are safe Verever you go”

Caminho de casa foi tranquilo. A noite tivemos um jantar preparado pela pessoa que nos indicou o local onde nos hospedamos. Uma senhora Francesa (Danielle) muito simpática e atenciosa fez questão de trazer uma amiga brasileira para nos receber. A Iolanda fez muito bem as honras da casa. Ela nos deu diversas dicas sobre o “minhocão” (descorbirmos o termo “Thermal Wear” depois), panos para tirar estática da roupa (a Nanade agradece enormemente, pois vive numa cadeira elétrica), onde comprar casacos baratos e o mais importante, onde achar comida boa. Para comer bem, tem que ser em casa mesmo. Passou dicas de como comprar feijão em lata e temperar da mesma forma que fazemos no Brasil, arroz sem flavor (explicarei isso melhor no terceiro dia), torradeira para comer uns waffles e torradas, etc. Resumindo, a nossa casa somos nós que fazemos. O material está disponível, basta sabermos procurar. Dica: ouvimos que aqui não teria feijão, mas isso não é verdade. Existe uma enorme variedade que pode ser encontrada em qualquer lugar.

Acabamos não escapando da comida chinesa do dia. Apesar disso, o jantar foi super interessante, conhecemos outros Brasileiros e um espanhol que não lembro o nome, pois só o chamávamos de Manoelito. Trocamos experiências e a realidade é a mesma para todos. O começo é uma barreira, mas o passar do tempo demonstra que fizemos a escolha correta. Todos estão muito bem de vida e realizados.

Esta última parte foi o desfecho ideal para termos certeza que a primeira impressão ruim foi apenas um susto. O próprio centro da cidade já tinha uma cor diferente para nós. Por exemplo, ao passarmos ao lado do City Hall, chegamos à conclusão que devem jogar água sanitária na neve sobre o gramado do lugar, pois é impecavelmente branca. Uma visão linda!

Com esta lembrança, finalizamos o nosso segundo dia. O pulmão cheio de ar para continuar nossa caminhada.

8 comentários:

Ricardo disse...

Fala Mané!!

Agora sim... um post positivo... que bom que as coisas começaram a andar pelo lado correto! Estamos torcendo aqui.......

Falta pouco!!!!
abraços
Ricardo

Jera Cravo disse...

Legais seus posts!
Me faz lembrar como foi a chegada em San Diego quando fui morar lá!!!!
No primeiro dia parecia muito ruim... depois, tudo foi melhorando!
Também tenho planos de ir pra Tornto como Skiled Worker. Querm sabe não nos encontrmos por ai um dia!
Boa sorte e abraços!

teste disse...

Estou no processo de imigração também.

Muito legal essa iniciativa de descrever essa sua experiência inicial.

Tenho certeza que ajudará pessoas como eu a conhecermos um pouco mais sobre o Canadá.

Abraços.

Rodrigo

Lu disse...

Olá,

Ontem descobri esse blog através do canadaimigration e durante minha leitura fiquei imaginando sentir tudo isso que vcs estão sentindo... era como seu eu já estivesse prevendo meus sentimentos futuros, pois eu e meu marido estamos aguardando essa tão esperada hora de partirmos para Toronto.

Faz 1 ano que ele esteve aí, passou um mês e ficou em homestay na casa dessa Sra Francesa Danielle (não é possível que seja outra...), uma amiga com quem ele mantem contato até hj by e-mail! Tem foto dela no blog de viagem dele:

http://www.brunoemtoronto.blogspot.com/

Boa sorte pra vcs!! Ano que vem, se Deus permitir, estaremos aí tb!!!! Bjks Luciana Freitas :))

http://www.luebruno.blogspot.com/

rosadasilva disse...

Estou adorando ler as "aventuras" de vocês aqui na "Terra do Norte". Como diria o Roberto Carlos: "São muitas emoções...".
Se precisarem de qualquer ajuda, ou mesmo uma palavra amiga, me liguem. Meu telefone está no meu blog.
Um abraço
Rosa

Rod Macedo disse...

Magina ... um cara que paga um flush na mesa com 72off é capaz de tornar essa primeira impressão ruim uma imagem Hollywoodiana. =)

Nunca gostei de Big Brother (na verdade eu nunca assisti) mas esse blog de vcs diariamente estão tornando meus dias tensos AHAHHAHA quero entro umas 3 vezes ao dia pra saber se tem novidades. Descobri meu lado voywer ahahahahah

Luc Luciano ... Nem preciso dizer boa sorte pra vocês pois como disse o grande filósofo Epícuro na sua "Carta à Meneceu" ... "não existe sorte pois os Deuses não fazem nada ao acaso".

Abraços irmão.

Augusto Barros disse...

Bem melhor!!! Vê se consegue um tempinho para colocar mais fotos também. E vai na CNTower que é show! :-)

Thásia Oliveira disse...

Olá!
Muito legal o blog de vcs! bem "na real", gostei :)) e vc é de Natal! cidade linda! Td de bom!Bjs! (Thásia)